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Exposição | Prontuário dos Afectos


Exposição Individual de Henrique Vieira Ribeiro | curadoria de Andreia César.
Inauguração no dia 13 de Setembro de 2017, pelas 17h00
Sala de Exposições da Biblioteca da FCT/UNL, Campus da Caparica.
Patente até 24 de Novembro | 2ª a 6ª das 09h00 às 20h00.

O PROJETO

O projeto Álbum, desenvolvido no decorrer de 2014, corpo central da exposição Prontuário dos afectos que agora se apresenta, tem a sua origem na reflexão acerca das dedicatórias manuscritas no verso de retratos fotográficos. Estes objetos, ao serem utilizados como suporte de mensagens pessoais em uma das suas faces, são transformados em elementos únicos - não enquanto representações fotográficas, mas sim enquanto objetos fotográficos - funcionando as mensagens como um reforço da função de substituição da pessoa representada no retrato.
Os objetos fotográficos utilizados para este projeto foram limitados ao espólio familiar, portador de um caráter privado, entendendo-se que as fotografias vendidas na rua ou em feiras não contêm esse cunho privado/individual, pertencendo já a uma esfera pública/anónima. É esta tensão criada pela dicotomia entre o público e o privado que se pretende destacar através da conversão da face escrita destes objetos em pósteres, gesto materializado no mural que partilha o título da exposição. O conjunto total destas faces escritas resulta numa composição que vive da acumulação de todas as imagens, da materialidade do próprio papel fotográfico, dos vários tons de cor que este adquiriu com a passagem do tempo, permitindo ao espetador, com a aproximação às imagens, um mergulho nas mensagens escritas, como uma forma de análise cartográfica.
Contudo, estes objetos possuem duas faces, sendo a imagem fotográfica que serve de pretexto aos escritos, de elemento mnemónico. O que o olhar sobre estes retratos revela é um ritual manifestado pela pose, uma procura falhada de fotogenia - segundo os princípios de classificação de Roland Barthes - em que a expressão, a posição do retratado, assim como o fundo seguem um padrão, e não a procura da essência da pessoa. Assim, a partir da seleção de fragmentos de retratos com analogias formais, mas de diferentes pessoas, originam-se retratos com características metonímicas, como uma alusão a todos os rostos patentes nas dedicatórias.
Na apropriação destes objetos, num cenário criado para esse efeito, procedeu-se a um registo fotográfico integral de ambos os lados do suporte (papel). Desta forma, os objetos foram sujeitos, também eles, a um ritual de pose, a uma presença da fotografia dentro da fotografia.   
Com Horizontes brancos, peça complementar ao projeto Álbum, criada em 2017, retoma-se o olhar sobre os artefactos fotográficos privados, originando um vídeo em que a narrativa convida a uma fruição multidimensional, cuja instalação remete para a analogia a uma "caixa preta" em constante atividade, em que o que se dá a ver continuam a ser representações dos objetos fotográficos - película - objetos condenados à obsolescência.

Andreia César (curador)

"A reflexão sobre a condição humana marca compasso na obra de Henrique Vieira Ribeiro. Na sua exposição Prontuário dos Afectos esta reflexão é centrada em torno da subjectividade, da identidade observada segundo o infinitamente incompleto arquivo da recordação, de um passado simultaneamente vivido e herdado que nos informa, juntamente com os intervalos do esquecimento, o curso da nossa vida enquanto sujeitos. O retrato de família decorrente do agenciamento de um espólio privado, coloca em questão a funcionalidade do género tanto para representação da individualidade como da identidade de grupo. Observam-se os limites da recordação, do suporte de memória e a sua contribuição contínua para a formulação das nossas narrativas."

Henrique Vieira Ribeiro, Lisboa, 1970

Mestrado em Arte Multimédia, vertente de Audiovisuais, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
Licenciado em Arte Multimédia, vertente de Fotografia, pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.
Docente convidado na Escola Superior de Arte e Design - Caldas da Rainha (2015/2016 e 2016/2017)
Na prática autoral, as suas inquietações têm como origem aspetos relacionados com a condição humana, nomeadamente a reflexão acerca da necessidade/desejo de transcendência do ser humano; neste aspeto, o objeto enquanto portador de vida, enquanto testemunho mnemónico desempenha um papel preponderante.
Utiliza a fotografia e o vídeo como media nucleares, que em conjunto com o desenho formam os seus suportes de eleição, tendo contudo o resultado final das suas obras vindo a adquirir um cariz instalativo.
Expõe com regularidade desde 2011, estando representado em várias coleções particulares em Portugal, França e Inglaterra, assim como em várias instituições como o Museu do Combatente, Galeria Artur Bual, Associação 25 de Abril ou a Fundação Calouste Gulbenkian.

Veja mais em: http://henrique.vieiraribeiro.net/















NOITE ESPECIAL - ARTE E CANÇÕES


Sexta feira a partir das 21h30, a Biblioteca FCT/UNL abre as portas para uma noite especial, em que a exposição "Prontuário dos Afectos" partilha o espaço com a voz da Sonia Lisboa e o acordeão do Tiago Pirralho
Sejam muito bem-vindos!

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